A DEUSA QUE SOU

Sou mulher comum. Dessas de All-star e calça jeans. Só que quando vou pra cama resolvo ser Deusa. Mas para ser Deusa é preciso antes ser serva. Serva da mulher e do prazer que me habitam. O prazer é meu primeiro parceiro na cama, para quem me entrego antes do que a qualquer outro que vá se deitar comigo. Faço um trato com ele. Estamos a serviço um do outro, estamos juntos nessa viagem que vai começar.

Tambores árabes se agitam dentro de mim, sou odalisca. A natureza do meu instinto me faz índia da floresta. Sou a gueixa do oriente que sabe se doar por completo ao seu homem. Sou a mulata sacana do samba. Sou a espanhola do flamenco que com seu passo firme se sustenta como ninguém. Então, seios, ventre e quadris seguem o meu pulso interno. Danço para o sexo e deixo-o dançar em mim. É quando tudo acontece. O corpo expressa esse estado de espírito e dá inteligência para minhas pernas, braços, mãos e boca. Os sentidos aguçam e minha percepção se torna sutil. Já não estou ansiosa pelo gozo. Manipulo o prazer para sentir seu fluxo, sua gradação e escutar o anúncio do orgasmo que virá para coroar minha expressão pura de mulher. Ser Deusa não tem forma pré-definida. Ser Deusa não é para inflar o ego. Ser Deusa não é fingir um tipo que estereotipam por aí. A Deusa em mim pode ser o que quiser, pois sua presença é tão clara que tanto faz se naquela noite será dominadora ou dominada. Ela nem precisa daquela lingerie matadora porque quando surge completamente nua, gosta de se mostrar, de se exibir , pois não tem nada a esconder. Só quer ser. Podemos ser Deusas na cama e em qualquer outro contexto da vida. Quando quisermos realçar uma imagem, ou explicitar uma intenção, temos o poder de convocar à mente as expressões de mulher que queremos assumir. Mas, no meu caso, não preciso e não quero ser Deusa sempre. Este é um lugar pra onde vou quando me parece bom. Às vezes, quero mesmo é estar discreta, simpática e feliz em meu All-star e calça jeans.

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