Arquivo | junho 2012

PRESENTE PRA VOCÊ!!

Nunca achei que fosse amar tanto detalhes que, se pertencessem a qualquer outra pessoa, eu nem repararia. A verdade é que, com você, não existe detalhe que não importa. Então, te digo que quero, porque também sou bem direta:

Quero muito mais manhãs acordando ao seu lado e fingindo acreditar nas suas promessas de “só mais cinco minutos”. Sei que eles sempre se transformam em meia hora de atraso, mas eu amo me atrasar com você.

Quero também mais do seu ar esquentando a minha nuca, mais das suas mãos habilidosas que navegam com uma perfeição que ainda me espanta entre carinho e pegada, mais do seu corpo pesando deliciosamente em cima de mim.

Quero muito mais manhãs e muito mais noites agarradas com você enquanto agradeço ao universo por ter ganho esse presente na vida.

Quero mais chances de tomar café do seu lado – mesmo que você sempre queira só café puro mas, aceite como quem aceita um presente, as frutas que cortei pra salada e uma torrada daquele jeito que você gosta: bem moreninha por fora e claro um bom queijo.

Quero muito mais da sua mão que sai do volante e vem pra minha coxa, dos seus sorrisos quando faço cafuné na sua cabeça enquanto dirige e – com certeza – muito mais viagens ouvindo que sou a co-pilota mais eficiente que você já teve, mesmo sabendo que eu dirijo muito bem.

Quero ouvir muito mais das suas ideias malucas e me surpreender concordando e, momentos depois, fazendo parte delas – afinal, a cada dia que passa, percebo que as pessoas que mais admiro são, de fato, os loucos.

Quero muito mais garrafas de vinho abertas e muito mais conversas daquelas que surgem depois da terceira taça.

Quero mais da sua esperança que nunca morre de que conseguirei ver o filme de terror com você até o final. Eu sempre fecho os olhos. E você nunca desiste de me convidar para mais uma sessão.

Quero sonhar muito mais com a nossa casa na montanha (projeto meu) – mesmo que não saibamos se estaremos juntos até consegui-la. Isso é só um detalhe. Quero compartilhar com você mais planos de filhos e muitos cachorros – e perceber que você me ama inclusive por isso. Quero planejar muitos outros detalhes dela com você – a horta, o jardim, a estratégia pras galinhas viverem soltas porém seguras. Quero te ouvir falando dos seus planos tecnológicos pra ela enquanto reparo no brilho que surge nos seus olhos.

 

Quero mais da sua companhia na hora de inventar pratos e fazê-los acontecer. Quero mais da nossa vibração sempre que acertamos uma receita. Quero, inclusive, até mesmo mais das receitas que não dão certo mas que no final, sempre valem a pena pela experiência com você.

Quero degustar mais ainda cada centímetro do seu corpo. E poder oferecer o meu em troca. Quero descobrir mais detalhes, mais botões, mais cantinhos inexplorados. Quero te presentear com mais sensações e dispensar todas as palavras – quero ler mais os seus sinais.

Quero, acima de tudo, mais dessa leveza que eu só senti com você – que consigamos carregá-la e provar para nós mesmos que ela não é tão insustentável assim como as pessoas dizem. Quero que sigamos aprendendo diariamente que nada é eterno e que a felicidade está no trajeto, não só no destino. E que não importa o que acontecer nessa estrada louca da vida, que possamos trazer dentro da gente a certeza de termos vivido um amor sincero e de termos tido a dádiva de descobrir qual a sensação de entregar seu coração na mão de outra pessoa – com a certeza de que ele está sendo bem cuidado como nunca. E que, não importa o que aconteça, que você nunca deixe de lembrar de mim quando afagar um cachorro ou quando tomar uma Coca-cola. E que você jamais esqueça de como conseguimos provar pra gente mesmo que parcerias são infinitamente melhores que namoros. E, por fim, que a felicidade seja sempre a sua melhor parceira, mesmo que eu não possa estar junto pra aplaudir essa união.

NÃO EXISTE REMAKE. GAME OVER!!!!

Não sei quem foi, mas com certeza essas palavras foram proferidas por alguém muito sábio: “voltar pra um velho amor é que nem ler um livro pela segunda vez – você já sabe como vai terminar.” Sim, porque nosso coração romântico tende a achar que isso é exagero, que sempre há chances quando há amor, e que nunca é tarde pra se arrepender. A realidade, porém, tem se mostrado impiedosamente contrária a esse nosso ideal romântico de relacionamentos. Ficar com alguém só por amor é uma péssima ideia. Pessoas que se recusam a acreditar esse fato acabam quebrando a cara incontáveis vezes. Porque o amor é necessário, mas ele, sozinho, não sustenta uma relação. É preciso muito mais do que isso. Parceria, respeito, companheirismo, objetivos de vida similares, sexo de qualidade, são apenas algumas dentre as diversas características necessárias pra se sustentar um relacionamento formado por duas pessoas distintas. Sem elas, desculpe-me o Cazuza, nem todo amor que houver nessa vida é o bastante. Quando um relacionamento termina é porque alguns dos pilares básicos não estavam fortes o bastante e, acredite se quiser, na maioria das vezes o amor não é um deles. Porque é muito comum observar casais que terminam ainda se amando. O amor continuava intacto, mas outras afinidades não estavam bem estruturadas o que impossibilita a continuidade de um relacionamento feliz. Só que a carência, a saudade da rotina, as noites frias de domingo sozinha na cama, nos fazem acreditar no contrário. É mais fácil ceder do que resistir. E nós, fracas que somos, ficamos assustadíssimas diante de uma realidade na qual não temos mais o conforto de uma relação que fez parte da nossa existência por tanto tempo. Recomeçar é difícil demais. O vazio machuca demais. E no meio dessa fase dolorosa de recuperação, eis que surge o ex – uma esperança no fim do túnel pra nos tirar do sofrimento. Como a mente mente, ela nos faz acreditar que dessa vez vai ser diferente, que tudo vai mudar – e nós, num ato de desespero, voltamos. Muito provavelmente pra descobrir – depois que a fase da empolgação de um novo começo acaba – que nada mudou. Costumo comparar essas segundas chances como alguém que anda de bicicleta. Você estava pedalando feliz até que um dia levou um tombo e estourou o joelho, que ficou em carne viva. Daí você sente dor, passa remédio, faz curativo. Só que a vontade de andar de bicicleta de novo é tão grande que, mal a ferida cicatrizou, e você já sai pedalando de novo. Até que passa novamente por um buraco e se estatela no chão. O pobre joelho que estava começando a se recuperar, retrocede, ficando ainda mais machucado do que antes. Tudo isso porque você não soube dar-lhe o tempo necessário pra se recuperar, pra se renovar, pra trocar de pele. Experimente trocar o joelho pelo seu coração – é assim que você age quando volta pra um amor antigo por causa da carência. Seu coração estava no processo de cura, precisando de cuidado, de isolamento, até que estivesse pronto pra outra. Mas você ignorou o aviso do corpo. Se entregou novamente àquele amor antigo, que você sabia que lhe faria mal, cedo ou tarde. Se tivesse dado o tempo necessário para a cura completa, aí sim estaria pronta pra andar de bicicleta novamente e explorar outras esquinas pelo mundo. Dessa vez, consciente, fortalecida e preparada. Mas você foi fraca e, como não poderia ser diferente, estatelou seu coração mais uma vez. Por isso que ser feliz é mesmo pros corajosos. Aqueles que jamais se esquecem que o maior amor do mundo tem que ser o amor próprio. Sempre que você passa em cima desse amor em nome do amor por outra pessoa, o resultado já é conhecido – você ativa o botão do VDM (vulgo, vai dar merda.) E sempre dá, as estatísticas confirmam. Por isso, sempre que nos sentirmos tentados a dar uma outra chance pra algo/alguém que nos fez mal, deveríamos nos lembrar que a vida é boa, que é bela, e que estamos aqui em contagem regressiva, por isso não há tempo pra apostar nos mesmos erros. Só assim nos permitiremos, antes de qualquer coisa, dar uma segunda chance pra nós mesmos.

AS SUAS MÃOS

 

Você pode ter barriga de tanquinho ou ser inteligente ou ter um pau enorme. Mas tem horas que suas mãos podem dar conta de todo o recado. Poucas coisas me fascinam tanto em um homem como um belo sorriso e mãos grandes (e fortes e viris).  O primeiro é indispensável, mas o segundo é um desafio de se achar. Não falo de mãos simplesmente. Mas de mãos másculas, daquelas que sabem pegar uma mulher de jeito – ou tocá-la com uma delicadeza quase divina.

Mãos masculinas têm que ser fortes, dignas e viris. E isso não tem nada a ver com calos, cutículas por fazer ou unhas grandes e sujas. Tampouco com conseguir abrir o vidro de azeitonas ou trocar uma lâmpada.

O assunto aqui é destreza. Aquelas mãos grandes que me abraçam as costas. Que me encostam na cintura e cobrem meu ventre. Que me empurram contra a parede. Mãos que me tocam, sabe-se lá como, exatamente naquele lugar que me arrepia. Que me pegam o bumbum e que nos momentos mais sacanas ainda me dá um tapinha.  Que me aperta sem machucar. Que me estimula na pressão certa, que me penetra e me faz gozar. Que me puxa para o desejo, que demonstra a vontade masculina de me ter.

Poucas coisas dizem mais do desejo de um homem por uma mulher do que suas mãos. Num lugar público, é uma mensagem secreta entre os amantes, quando apertam-se as mãos , provocam-se e bailam os dedos como que escrevendo uma mensagem no ar. Na intimidade, são as mãos dos amassos, da gana.

São as mesmas mãos que me fazem um cafuné, que me pegam o rosto (com as duas juntas, de preferência), me afastam os cabelos e me dão um beijo carinhoso. Ou que me enroscam o cabelo e me dão outro beijo, de volúpia. Que me toca para mostrar complacência, ou um abraço de solidariedade para aquela situação que só um macho pode me confortar. Mãos de carinho masculino, protetor, de segurança.

Mãos que vão além de mim. Que mostram como esse homem é inteligente, pois gesticulam, quase bravas, seu pensamento. Mãos que mostram sua personalidade e seu caráter por meio de seus movimentos firmes e indubitáveis.

Mas a questão é: cadê essas mãos? Meninos, tirem suas mãos do volante, da carteira, do copo de cerveja e do seu próprio membro. Toquem suas mulheres. Percorram seu corpo não apenas com o olhar, mas com os dedos. E não falo só sobre o momento do sexo. Toquem-na com vontade, sem medo, pelo conhecimento, pelo desejo, pela pele. Prestem atenção no que suas mãos podem fazer por você e também por sua mulher.

Nossos perfumes, cremes hidratantes, depilação, tudo espera pelo seu toque. Seu toque masculino. É como pintar um quadro: há momentos para pinceladas fortes, outras suaves, mas sempre, em qualquer caso, firmes. Melhor dizendo: decididas. Mãos que voluntariamente me procuram, sem medo ou vergonha. Por qualquer motivo, em qualquer lugar, apenas para me sentir.  Porque poucas coisas superam mãos masculinas poderosas.

AMOR, VAMOS CONVERSAR???

Eu realmente não entendo qual é o problema em querer discutir a relação. Talvez, por eu ser mulher, isso já seja algo praticamente intrínseco a mim, mas fato é que uma nuvem nebulosa envolve as chamadas DRs, amedrontando os homens e deixando as mulheres angustiadas. Ultimamente querer ter uma DR é visto como algo errado, algo que os homens não gostam e as mulheres deveriam evitar. Isso porque elas acreditam que os homens não vão querer ouvir, vão ficar impacientes porque nunca há o momento certo, porque hoje é domingo à tarde e tudo o que eles mais querem é continuar esparramados no sofá da sala vendo o jogo de futebol na TV. Elas ficam então chateadas pensando “só eu me importo com essa relação?”. E isso, na tudo verdade, não precisava ser assim, afinal: qual é o problema em um casal se comunicar?

Livros e psicólogos listam as dez frases que não devem ser ditas durante uma DR, cinco dicas de como melhorar a vida a dois sem ter uma DR, oito maneiras de medir as palavras antes de ter a tal conversa com o parceiro… Já ouvi inclusive o papinho de que quando se começa a discutir a relação é porque, quase sempre, ela não existe mais. Ou que homem não gosta de conversar, gosta sim é de transar, que DR boa é aquela que termina na cama. Porra, eu também gosto de sexo, mas isso não significa que devo deixar o lado emocional de lado, não? Eu estou tendo um relacionamento, não uma foda casual.

Todo esse cenário anti diálogo faz com que, muitas vezes, a mulher se sinta uma chata por ter que assumir o papel do “vamos conversar”. Tem muito drama em volta dessa palavra. Aí dá preguiça ter DR, quando na verdade isso era pra ser uma coisa natural. Aí tem gente que prefere empurrar a sujeira pra debaixo do tapete. Sempre que percebe algo errado ou algo a incomoda, finge que não percebeu, deixa para amanhã, espera a “poeira baixar”. É seguindo esse caminho que pequenos incômodos tomam proporções gigantescas. Você vai acumulando mágoas e chega uma hora que não dá mais. Acaba estourando com o outro por um alfinete que caiu no chão. Essa fórmula é infalível para brigas homéricas nas quais um fica jogando na cara do outro, de uma forma não muito agradável, tudo aquilo que ficou guardado.

É natural da mulher querer compartilhar seus sentimentos. Se ela está feliz ela quer transmitir essa felicidade pra você também, se está triste vai querer um ombro para acolhê-la e tirá-la da melancolia. E nada mais normal que esse comportamento se transporte para os relacionamentos amorosos. Ela vai querer dividir as alegrias quando estiver com você, mas, se sentir que algo não está bem, vai querer conversar também. É que homens têm dificuldade em perceber sutilezas, por isso às vezes temos que ser mais diretas. Mas fala sério, bem melhor a mulher ter atitude em querer ter uma DR do que você ter que passar por aquela cena clássica: o cara encontra sua mulher emburrada, de cara fechada. Ela mal consegue encará-lo, quanto menos beijá-lo, aí ele pergunta: “O que foi?”, e ela responde: “Nada”. Uma palavrinha tão seca e evasiva, porque ela quer sim que ele adivinhe o que fez de errado, afinal, é tão óbvio que ela não deveria nem ter que apontar o erro.

Uma DR não tem que seguir protocolo, ela tem que acontecer naturalmente. Nem tem que amedrontar porque discutir não significa brigar, e sim debater, questionar, dialogar… Algo que pra uma parceria ser boa, deveria sempre funcionar. Falando nisso, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, publicado na Journal of Family Communication, revela que os casais que discutem em casa vivem mais. E aí, vamos conversar?

PAR DE PÉS, PRA DIVIDIR O EDREDOM

Mal o inverno chegou e já foi decretada a temporada oficial de casais fazerem fondeu – para o desespero dos solteiros aflitos. É que no frio não há nada mais agradável que um cobertor no aconchego do sofá com um filminho no DVD, uma taça de vinho pra te esquentar e um par de pés – mesmo que gelados – pra encontra com os seus embaixo do edredom. Aliás, não existe melhor cobertor que aquele acompanhado por uma conchinha acolhedora. E é exatamente por esse clima de romance que o inverno traz que, nessas últimas semanas, parece que multiplicaram as reclamações de amigas que sonham em encontrar seu par – ou pelo menos um namorado de inverno. É claro que não há coisa mais natural que querer achar um parceiro, mas às vezes essa busca perde o foco: precisa-se mais deixar de ser solteira que encontrar um amor. Precisa-se de um namorado (e ponto).

Vivemos uma época em que tememos a solidão. A condição de estar só virou o “mal” do século XXI, o bicho papão do nosso tempo. Numa era em que a cada segundo uma nova tecnologia é inventada para encurtar distâncias e – teoricamente – aproximar as pessoas, o que não vale é se sentir esquecido. E então, quando bate a solidão, ela vem acompanhada do desespero. Desespero de se sentir só num mundo sem ninguém que se importe com você. Isso explica, em alguns casos, porque surge a necessidade urgente de namorar, casar, ter filhos. Não sabemos como lidar e não suportamos esse estado que, na verdade, é inerente à nossa natureza.

Esse temor de ficar sozinho desenvolveu até aquele tipo de pessoa que sempre está namorando. Não consegue ficar sozinha, talvez por medo ou insegurança, confunda sentimentos em troca de ter alguém ao seu lado. Termina um relacionamento e já engata em outro, não dá nem tempo de curar as cicatrizes do último amor, de se preparar pra respirar fundo outra vez, e ela já muda o status de relacionamento do facebook num piscar de olhos. Quem age assim, diante dos olhos alheios, é visto apenas como namoradeiro, alguém que gosta de estar numa relação amorosa. Mas não é bem isso o que acontece com quem opta por estar solteiro. Sempre tem alguém pra perguntar quando você vai desencalhar, as reuniões de família são uma desculpa para saber se houve algum update no seu campo afetivo e nas festas de casamento seu lugar é ao lado das mesas das crianças. Sem contar que com o passar do tempo a pressão só aumenta. É impossível não olhar ao redor e não sentir os comentários do tipo: “Ela nunca fica com ninguém, nunca namora ninguém, será que há algum problema com ela?”.

Parece que é impossível ser feliz sem uma metade pra te completar. Mas o que os outros esquecem é que antes de tudo vem o amor próprio, e é por isso que temos que amar também a nossa solidão. Podemos sim ter namorados, maridos e filhos, mas é bom nos lembrarmos de que sempre estamos sozinhas. É preciso muito discernimento para não confundir amor com carência, é preciso muita coragem para não se afundar num poço de dependência emocional. É preciso estar atento para encontrar pessoas que combinem conosco, nos compreendam e, acima de tudo, acolham a nossa solidão, para aí partilhar a solidão um com o outro. Caso contrário, se eu fosse você, ouviria a minha avó que sempre me dizia o ditado batido mas sincero de que: “antes só do que mal acompanhado”.

MEU PRÍNCIPE (DES) ENCANTADO

Querido Encantado,

Esta noite sonhei novamente com você. Seus brilhantes olhos me pediam caridosamente para não colocar meus pés gelados de frio na batata da sua perna, enquanto virava para o outro lado da cama embolado nas cobertas. Era engraçado ver sua carinha de resmungão enquanto me puxava com sua delicadeza peculiar para o aconchego dos seus braços.

A cada novo sonho você parece diferente e cada vez sinto você mais perto de mim. Como se seu coração tivesse adquirido um GPS de última geração e agora ao invés de placas você se guiasse por um satélite que por vezes fora desprezado: seu coração. É como naquela série de TV em que o príncipe não se lembra da sua identidade, mas de alguma forma sabe onde está o amor da sua vida. Você sabe onde me encontrar, mas se perde demais pelo caminho.

Sinto sua falta encantado. Cada dia mais. E fico me perguntando se a gente precisa mesmo perder alguma coisa pra ganhar algo melhor em troca. Cinderela perdeu um sapatinho, eu já perdi vários pedaços desse meu coração pelo caminho, mas tenho certeza que você vai encontrar todos eles e montar peça por peça como se fosse um quebra cabeça desordenado que precisa apenas de um bom jogador para encarar o desafio.

A noite é curta para um querer tão intenso e no sonho você me desperta com um desses sorrisos lindos e cativantes que a gente só vê em propaganda de pasta de dentes. Você me convenceu: eu compro o produto. Eu levo as coisas boas e as ruins também, porque de uma forma ou de outra eu sinto que esse foi o pacote que eu esperei por toda minha vida. Um sorriso, esse era o sinal. Eu podia me aproximar, me enroscar, me aninhar até que o dia se fizesse presente e nos obrigasse a levantar. Porque tempo hoje é algo quase tão precioso quanto comer, quando não se tem parece que o vazio dentro da gente fica cada vez maior. Consigo ouvir minha respiração e o ruído da saudade.

Estou pensativa, analisando se em algum lugar do planeta você também fecha os olhos quando escuta a palavra amor. É quase dia dos namorados e todo ano espero ansiosamente pela sua chegada, arrumo a casa e a bagunça do coração, coloco os pratos sujos, os copos lascados e as mágoas numa gaveta bem escondida que é pra não estragar o jantar, e junto com as taças novinhas de vinho coloco um frasco vazio que é pra encher de amor quando você se sentar ao meu lado.

A essa altura já tenho dúvidas do que é realidade e o que é fantasia. Me aproximo de você, ali, deitado do outro lado da cama, e no momento do tão esperado beijo, aquele que diz se o sapatinho de cristal serve ou não nesse pé cansado, eu acordo. Eu simplesmente acordo. Antes que pudesse abrir os olhos um par de abraços se encarrega de me acalmar da minha euforia, me envolve numa redoma de carinho e antes que eu pudesse raciocinar coloca nos devidos lugares, todas as peças do quebra cabeça.

– Calma, foi só um sonho…

Querido encantado, não foi só um sonho…

Suspiro. Acima da realeza te agradeço por ser real. Afinal, amores de verdade são infinitamente melhores que os amores dos sonhos. Sejam eles encantados ou não.

Meu melhor beijo,

Sua princesa.

INTIMIDADES

Não é o cinema acompanhado, as noites de sábado com programa garantido, o sexo quando der vontade. Não é ter alguém pra chamar de seu, não são as mensagens de bom dia, muito menos alguém pra quem comprar presente no Dia dos Namorados. Suspeito que o que as pessoas tanto busquem quando dizem que estão procurando um amor é a tão querida intimidade. Aquela coisa de querer dividir vontades, revelar segredos, contar coisas que você não contaria pra qualquer um. Intimidade é abrir a porta para o seu íntimo e deixar que o outro mergulhe nessas águas profundas e, muitas vezes, turvas. O fato é que não é possível escolher os íntimos (eles simplesmente são).

Tem gente que força intimidade com os outros, como aquela pessoa que twitta o café da manhã diariamente, avisa quando vai tomar banho e – por que não? – posta uma foto de toalha pra a web ver. A intimidade forçada tenta ser aquela mesma, tão natural, que deixa a gente à vontade pra sair do banho de toalha na frente da prima. Mas ela jamais será. Acontece o mesmo com pessoas que se entitulam amigos íntimos de todo mundo mas que, na hora em que bate aquele desespero na madrugada, não têm ninguém para quem ligar. Afinal, só os íntimos ligam na madrugada para desabafar as dores do mundo em meio ao sono alheio. Há também uma confusão quando o assunto é sexo – muita gente diz que sexo sem amor não é bom quando, na verdade, estavam se referindo à intimidade. Aquela mesmo que surge sem escolher a vítima. E então, reformulamos: sexo sem intimidade não é bom. Fica aquela coisa robótica, regada por uma ansiedade em agradar, por um esforço em encaixar o que não se encaixa. Mesmo com os corpos colados, existe um muro entre os dois que impede a entrega. No desespero de não saber o que fazer diante do artificial, os dois encenam uma cena patética, como o ator de teatro que sobe no palco pela primeira vez e, independente dos seus esforços, não convence ninguém de que está à vontade. Era pra todo mundo se emocionar com a história mas ela foi, na verdade, apenas e somente, uma dramatização.

Intimidade, inclusive, não depende de tempo. Você pode ser casado há 10 anos e não ser íntimo do outro. Agora, quando a intimidade existe, ela não deixa dúvidas. Impossível mascará-la. Ela chega assim, sem pedir permissão e te faz abrir a vida para aquele estranho que conheceu há menos de duas horas – ele então, passa a saber de coisas que nem aquele colega de anos imagina. Ela faz os lábios se fundirem em um só e faz com que eles dancem em movimentos sincronizados, como o time que treinou há meses. Ela guia as mãos como se possuíssem GPS para a felicidade, solta as palavras como se não existissem tabus, libera o sorriso sincero que dispensa ensaios, torna a companhia mais importante que o programa e vangloria a conversa independente do conteúdo.

Na vida, precisamos mesmo de semelhantes, de cúmplices, de íntimos. Aqueles que te permitem jogar as máscaras, que gostam de você mesmo quando se é autêntica no limite. Aqueles que te fazem entender o real significado se ser escutada, que te explicam na prática que um olhar vale mais que mil palavras e que te lembram qual o verdadeiro sentido da palavra aconchego. Intimidade, inclusive, nos faz repensar no nosso vocabulário – quando se encontra alguém que lhe é íntimo, palavras como penetração, por exemplo, assumem outro significado – porque a sexual, pode-se fazer com quem quiser. Agora, penetrar no seu ser, é exclusividade de poucos.

Sorte daqueles que encontram os seus íntimos nas tantas ruas da vida.

ONDE FOI PARAR O AMOR????

A gente ouve o tempo todo que casar por amor é uma péssima ideia e que o sexo tem que ser bom para conseguir sustentar uma relação. Isso converge com a ideia de que a nossa Era, dita “moderninha”, é apressada e as pessoas não tem mais tempo para criar laços muito profundos, nem se apaixonar, se é que isso ainda existe no pensamento contemporâneo das grandes cidades. Quando a gente vira e diz que é ingenuidade pensar em amor, a gente acaba por se proteger (e por descartar) a ideia de que amor existe. Para conquistar uma liberdade sexual que era necessária e uma ideia de atitude onde ser esperto é o que importa, a gente modificou um bando de valores e sentimentos. Ou pior: a gente deixou isso tudo para trás.

Outro dia desses, num papo sobre traições e como o diálogo sobre sexo ainda é um grande tabu e uma barreira para casais atualmente, uma amiga me chamou a atenção para o fato de que a gente costuma dar crédito ao sexo pelos problemas de um relacionamento. Fica bem óbvio que relacionamento nenhum se sustenta só com carinho e afeto, mas com boas doses de paciência, entendimento, confiança e condições materiais que possibilitam uma união, seja ela oficial ou não. Só que isso me fez pensar sobre como a gente anda construindo relações mais vazias em prol do exercício da liberdade sexual. Parece que, quanto mais a gente luta pelo direito de fazer o que quiser no sexo, mais a gente acaba se esquecendo de que o nosso objetivo era melhorar uma parte da relação que era oprimida. Sexo tem relação direta com prazer físico, com intimidade, com parceria e procriação. Mas também faz parte dessa coisa bacana que a gente acredita ser o amor.

E daí a gente acaba por pensar: e se aquele guri bacana que a gente conheceu e anda saindo não for tão bom de cama assim? Então não vale a pena considerar o resto? Será que o sexo numa relação assumiu uma proporção em que ele importa mais do que outros fatores como a sensação de amar alguém e a luta diária de um casal para manter esse sentimento vivo? Acho que a nossa geração acabou por fazer a coisa errada. Em vez de transformamos os valores obsoletos que oprimiam a questão sexual e deixavam lacunas em aberto numa relação, nós deixamos coisas serem perdidas pelo caminho e construímos outro tipo de valor. O valor sexual que se sobrepõe aos outros. As pessoas se tornaram obcecadas pela alta performance na cama em vez de um papo interessante, pelo tamanho do pau do cara em vez do caráter dele, pelo entendimento completo do Kama Sutra em vez de tentar entender o outro. Construímos relações que se esgotam na cama e que não saem mais dela. A gente trocou a busca por amor – talvez fantasiosa e ingênua – pela busca pela satisfação sexual, que é competitiva e selvagem, onde quem deixa a desejar não tem vez.

Pode ser exagerado pensar assim e considerar que a gente não tenha obtido um equilíbrio até hoje. Mas a verdade é que o amor em si foi deixado de lado e se perdeu em meio a tantas buscas. Amor mesmo, esse sentimento clichê e piegas que todo mundo recrimina quando o outro fala, mas busca interna e intensamente. Amor que foi trocado pela adrenalina e diversão do sexo. E, à amiga que me fez ver o outro lado da moeda, eu deixo a resposta do título: o amor foi parar em algum lugar no qual muita gente ainda não conheceu, mas ele está por aí. Um dia a gente esbarra nele de novo e descobre que ele também é gostoso e dá prazer. Um dia a gente retoma a busca e encontra algum equilíbrio. Nem se for pra concluir que cada um é que decide como regular a balança numa relação.

ME DEIXAR AMAR

Os meus pensamentos, como folhas ao vento deixei-os voar…
Hoje, num corpo submisso, desejos subjugados me tiram o ar…
Vontades… Muitas perdidas que na calada da noite ousam despertar…
E nas mãos atrevidas, carícias contidas desejam tocar…
Me sinto querida e como doce menina
preciso pensar…
Que vontade que sinto de enganar o próprio tempo e só me deixar amar…

SIMPLESMENTE AMO

Amo o sol, amo a terra, amo a natureza e quase tudo o que ela me dá. Amo infinitamente essa liberdade que me faz conjugar o verbo amar.
Amo estar apaixonada, amo a riqueza da minha idade, amo até você que nem conheço e de quem nem ouço falar…
Amo-te mais pelo que desconheço e pelo tudo que eu possa imaginar.
Amo simplesmente a vida e tudo o que nela eu tenha pra viver, amo essa paz radiosa e infinita que o meu imaginário busca em você…
Amo o sussurro dos ventos que me leva a outras paragens, que nem ouso de momento falar, amo essa alegria que me fazes sentir, amo na verdade, tudo o que a vista alcança é que nisso tudo você está…
Amo até mesmo o próprio tempo pois até ele resolvi aceitar, amo o tudo que essa palavra encerra. Amo tu… Em todo tempo e lugar e amo reconheço até mesmo a mim, pois foi contigo que aprendi a me amar.