APENAS FELIZ

A felicidade é o grande questionamento e a maior busca dos seres humanos. Somos escravos dessa procura insaciável que nos faz tão bem. Embora definí-la seja arriscado e relativo correrei o risco. Felicidade é fragrância exalada por quem a sente sem culpa, sem constrangimento, sem doses econômicas, é sentimento que dispensa os frascos glamorosos mas dá-se de forma simples e inebriante, acontece aos que se permitem sentí-la de peito aberto e alma exposta, aos que querem fazer mais que apenas viver.

Sente-se a felicidade nas crises de riso, nos choros alegres que lavam a alma, nos discos antigos, nas músicas da sua vida que tocam por acaso em lugares talvez improváveis e te trazem a memória recordações e esperança. A felicidade está na saudade do que foi significativo, nas manhã de sol, nos fins de tarde com chuva na casa da vó, da mãe, na companhia de um amor, dos amigos. A felicidade genuína reside naqueles que se permitem estar o mais próximo possível de Deus.
Felicidade são as horas que passam devagar só pra te acompanhar, são os sentimentos que se tornaram mais sólidos pra te encantar, são os sorrisos, as gargalhadas que nascem desenfreadamente no seu rosto sem motivo específico te lembrando como é bom exercitar os músculos da face. Felicidade é sua forma de dizer ao mundo: “EU TÔ BEM , TÔ TRANQUILA, TÔ VIVENDO, NÃO ME INCOMODEM!”

Felicidade não é vendida, comprada, trocada é exclusividade dos sensitivos, dos que se opõem a viver na mediocridade, dos caçadores de sorrisos, dos garimpeiros de momentos memoráveis. Felicidade não é se encher de expectativas, morar nas utopias, embriagar-se de ilusões capazes de fazer rachaduras na alma. Definitivamente entenda que felicidade não é ter é ser, portanto, não busque ter a felicidade seja feliz.

Busque sua felicidade onde quer que ela esteja em outra cidade, outro país, em baixo da cama, em cima da mesa, no jardim, no entardecer, além do horizonte, dentro de outros olhos, nas ruas da cidade, enfim. Ria pro mundo e peça para vida doses extras de dias felizes e uma overdose de sentimentos inéditos para acompanhar. Leve na bagagem música, sonhos, sensações, palavras, diversão, afinal, ser feliz é como nos filmes sempre chega a hora em que os conflitos acabam, então esteja preparado quando ouvir da vida: -luz, câmera, ação! Ponha sua melhor roupa e saia por aí deixando seu rosto musicar sorrisos.

MINHA COMPOSIÇAO

Fui fabricada sob o som de cruisin, sem manual de instruções e as vezes dou defeito (dou defeito porque o mundo é defeituoso). Na minha fórmula contém fragilidades, medos, hesitações, perspectivas, entretanto, também sou feita de obstinações, sorrisos, alegrias bobas, urgências, cartas correspondidas, olhares que dizem e paraísos internos. Sou um infinito de ♫“pensamentos soltos traduzidos em palavras pra que você possa entender o que eu também não entendo.”♫. Sou uma mistura alemã, francesa, italiana, mas de brasilidade catarinense assumida. Ando sem eloquência para falar sobre os sentimentos do mundo, a inconsistência das relações humanas, guerras, mídias sociais ou qualquer outro assunto que não seja minha excentricidade. Só por esses dias quero estar desligada do mundo e contida no meu infinito particular. Sou constituída por sentimentos diversos e por amanhãs fantasiosos feitos de sonhos absurdos, corajosos e inocentes. Construíram-me com oscilações, variações de humor e vontades de sumir. Cada partícula minha carrega promessas divinas que me lembram quem sou e porque estou aqui vivendo e fazendo viver, nelas sempre me apego.  Já me refugiei em lembranças, recorri a fantasias, saltei muralhas, destruí exércitos, construí sonhos bons que me serviram de abrigo no deserto, reciclei e atualizei conceitos, quebrei promessas, reclamei do que se mostrou insuficiente para minha felicidade e acalmei tempestades e crises alheias com palavras simples (as palavras são ótimos antidepressivos, acreditem). O que fica de tudo isso é sempre bom e duradouro. Em suma, sou minhas abstinências, erros, acertos, atribuições, ações e reações. Sou essa complexidade ambulante que não necessariamente precisa ser desvendada, discutida e exposta, mas que de alguma forma precisa questionar e insistir no que é inalcançável e de difícil compreensão.

VOCÊ TEM MEDO DE QUE??

Nosso inimigo número um, sem dúvida, é o medo que gerencia todos os nossos fracassos, frustrações, relações desagradáveis e está por trás do nosso não arriscar. De acordo com a ciência nós nascemos com dois medos apenas: de barulho e de cair, todos os outros são adquiridos durante nossa vivência, nossa passagem pelo mundo, período que estamos nos autoconhecendo. Precisamos nos livrar deles, enfrentá-los, correr o risco. Já disse o sábio Augusto Cury: “quem vence sem risco, triunfa sem glória. Não tenha medo da vida, não tenha medo de vivê-la.” Muitas relações humanas são evitadas por causa do medo. Medo de confiar errado, de não dar certo, de entrar num caminho sem volta, de se arriscar, de se ver preso no interior obscuro do outro, medo de se ver a beira de um precipício e sentir atração pelo voo. Por medo muitos se entregam a monotonia do que é seguro, cômodo, por isso, não se arriscam, não ousam voar mais alto e nunca saberão se poderia ter dado certo, como seria viver do outro lado. Sentimos medo de sentir os dias iguais, de cair em uma rotina prisional, de nos aproximar de coisas entediantes que não edifiquem. São preocupações de todos nós, mas que muitos acabam entrando sem perceber. As pessoas dizem: “tenho medo de barata, escuro, cobra, disso, daquilo”, mas o que verdadeira as amortiza por dentro, se mostra peçonhento, causa calafrios, tremor, é o medo da monotonia, de estarem vulneráveis ao tédio das horas, medo da solidão motivo pelo qual os divãs dos analistas estão concorridíssimos. Saia debaixo do cobertor e ouse tocar nos seus medos, ouse enfrentá-los e desfazer a intriga entre sua covardia e sua coragem dando razão a última sem pensar que só existe uma alternativa: a de dar errado, por mais que dê você estará livre dessa prisão chamada medo, do casamento interminável com o “e se…” especialidade das suposições que te jurariam amor eterno até que a morte os separassem.

HOMEM DOS MEUS SONHOS

E eu chego em casa cansada. Tiro meus sapatos altíssimos pelo chão do quarto e sento no sofá, acabada. Ele chega, me grita atenção e fala como um doido de como foi seu dia estressante. Eu fico entre um “uhum” e outro. Entre uma risada e outra. Mas fico com olhos e ouvidos bem atentos, como uma menininha ouvindo uma história de um herói que salvou a cidade e ainda lembrou de passar no mercado para comprar meu iogurte predileto. Ele me faz massagens quando eu peço. Mas só aceita fazer caso eu prometa fazer nele também. Ele trabalha, dá um trato em seu visual, não entende porque não reclamo do happy hour ou futebol com os amigos, malha, se vira muito bem na cozinha, me ama gostoso e ainda arruma tempo para levar meus cachorros pra passear e ainda me pedir para levá-lo no cinema; adora que eu dirija pra ele. Às vezes, eu penso como é louco o amor. No começo, eu passava noites em claro só para descobrir a melhor forma de conseguir ter um encontro com ele. E, hoje, ele é quem me convida. No primeiro encontro, eu passei mais de duas horas inteiras me arrumando. Coloquei minha melhor roupa, maquiagem, salto agulha e me encharquei com meu melhor perfume só para agradá-lo. Hoje, ele me acha linda de moletom ou suada com meu cabelo preso num rabo de cavalo. Ele me espera. Ele fica ansioso para me ver. E me liga só para dizer que está com saudades. Ele diz que ama e que morre de tesão por mim, também. Ele me faz carinhos e arranhões que nunca tive. E me beija o corpo inteiro. E quando briga comigo por ciúmes é por medo de me perder. Ele é perfeito, mas não sabe. O meu lado possessivo até acha isso bom. Porque no dia que ele perceber que ele é dez mil vezes melhor do que qualquer homem nesse mundo, vai querer outra mulher dez mil vezes melhor do que eu. E há várias garotas perfeitas por aí. Mas não sei como, ele se encantou por minha falta de tempo, por minhas piadas sem graça e pela minha vida acelerada, pela minha mania de perfeição. Bendita a sorte a minha. Até hoje não sei o que falei para ter roubado a atenção dele. E, se um dia descobrir, falarei o dia inteiro. Trato-o como um rei tendo a certeza de que não sou merecedora de um lugar em teu altar. Mas me esforço tanto que ele acha graça até das minhas imperfeições. É a sorte de ser o sonho do homem dos seus sonhos.

PAPO DE MENINAS

Sabe, as mulheres têm de lidar com alguns dilemas que são, além de supérfluos e injustos, completamente alheios à natureza masculina. Por exemplo, se um homem transa com uma mulher logo na primeira noitada, ele se sente O Máximo, O Maioral. Já a mulher terá que enfrentar o julgamento das amigas, do próprio comedor, e até mesmo da sua consciência, caso não seja muito bem resolvida com sua sexualidade. Essa “culpa ” é algo que homem nenhum vai entender, pois oras, homem nunca recebe um adjetivo depreciativo em tal situação. Já a mulher, vai de “puta, vadia, fácil, sem valor” pra baixo. O que pra eles é frescura, pra gente é uma verdadeira disputa de valores. Sad but true.

E não é apenas na situação supracitada que esse moralismo injusto faz-se valer. Uma coisa que me intriga é a tal da “mulher oferecida”. Essa é aquela mulher que, quando tem interesse em um homem, deixa isso bem claro. Chega junto e chega chegando, sem aqueles pudores, receios e recatos que normalmente narram o comportamento da mulher durante o flerte. Dependendo da criatura, ela até força a barra e constrange o pobre do rapaz acuado, tornando a situação de caça desagradável para ambos. Tem também o caso da pobre boboca que fica secando o rapaz de longe a vida toda, desviando o olhar quando ele vira em sua direção e sem coragem sequer de jogar um sorriso. Começando pelo básico do básico, cuide-se. Apesar de que ser mulher não é lá muito fácil (além dos dilemas morais, temos ainda que arcar com menstruação, gravidez, depilação e afins) quando o tópico é a abordagem com intenções sexuais, a coisa é muito mais fácil pra gente. Uma mulher cheirosa e bem arrumada é agradável a todos os homens – inclusive aos casados e aos gays, mas acho que dar mole pra esses dois tipos não vai ser lá muito proveitoso pra você. E eu faço questão de enfatizar que não tô falando de “ser” bonita, e sim de cuidados básicos com a pele, dentes, cabelos e… ah, do que eu tô falando? Toda mulher sabe bem o que é se arrumar. Se pra você beleza interior é o que conta, melhor andar por aí com as mais recentes fotos da sua endoscopia, pois dificilmente se atrai a atenção de um homem se tiver sebosa ou fantasiada de pano de chão. Daí a mulher se arruma, passa 4 horas no salão fazendo mechas californianas, mais 2 horas fazendo mão-e-pé, mais 19 horas escolhendo roupa e fazendo maquiagem. Tudo isso pra voltar pra casa sozinha e dividir a cama com sua hesitação e neuras? Solta a franga, amiga. Na minha opinião, mulher tem mais é que se preocupar menos com julgamentos e se divertir mais. Normalmente, a inconsciente opressão natural e tradicional leva as mulheres ao terrível hábito de ter vontade, mas ficar se contendo. Como isso vem desde cedo, desde sempre, acaba virando rotina, e o que eu mais vejo por aí é mulher com cara de cu porque tá sem uma haste do amor pra sentar em cima faz 57 meses. Ou gatinha saindo no zero-a-zero. Linda como uma Barbie dentro de uma caixa de plástico. Intocada e imaculada, quando o legal mesmo é borrar o batom e acordar com os cílios pregados de rímel. Ok, agora você já está bem cuidada e disposta a escarrar sobre as amarras sociais que te prendem em nome de fazer o que bem quer. Tá solteira, tá sem macho, tá com fome. Imagine que você é uma pescadora faminta. Você não vai pegar peixe nenhum caso se jogue desesperada na água, agarrando qualquer sardinha gorda e lerda na base da unha; e menos ainda se ficar sentada no barco olhando os peixes passarem, e perguntando aos céus onde estão os homens legais. Observe a maré. Essa prática serve tanto para os homens quanto para as mulheres. Se o mar não tá pra peixe, procura outra área pra pescar ao invés de gastar suas fichinhas em vão. Aliás, observar a maré antes de agir em vão é fundamental em tudo nessa vida, desde xavecos a empregos enfadonhos que precisam ser deixados pra lá na primeira oportunidade boa. É questão de observar e dar o pulo quando o timing for correto. Enquanto se observa, nada te impede de dar a brecha. Muitas vezes o cara morde a isca já nessa etapa e a sua participação ativa como xavequeira termina aqui, é só deixar a coisa fluir e continuar dando corda para o futuro alpinista de seus seios arfantes. Tá ligada a tal da mulher charmosa? Tudo questão de linguagem corporal: ser sorridente, lançar olhares (sem encarar, porque mamãe ensinou que é feio), mexer no cabelo, encostar casualmente no braço dele. Depois de demonstrar que você tá na área, jogue sua isca. É aqui que a maioria das mulheres morre na praia. Jogar a isca é xis da questão, tem que ter AQUELA DOSE de bom senso pra chegar junto sem ser agressiva, demonstrar que se tem atitude e sabe ir atrás do que quer, mas ainda permitir que ele tenha o papel de “conquistador”. Abordar um homem, normalmente, é uma tarefa muito fácil. Você dá o impulso e ele faz o resto – isso se ele tiver interesse em você. Eu sou a favor da abordagem casual, do tipo chegar perto e puxar um assunto qualquer. Sim, é literalmente isso: UM ASSUNTO QUALQUER. Perguntar onde é o banheiro, que horas são, se você viu o novo clipe do Chiclete com Banana, se ele sabe onde ajustar a porra do relógio no seu celular novo, sei lá, qualquer abordagem inocente e furada serve, o importante é como você conduz a conversa depois de iniciar uma aproximação. Seja simpática, o papo tem que fluir, e quem faz a blasé não ajuda muito nisso. Dê risada, cara feia deve ser fome ou caipirinha com pouco açúcar. Eu tenho muitos amigos homens, todos bonitos, engraçados e bons de papo, e não sei se eles têm o dedo podre ou as mulheres chatas se multiplicaram em progressão geométrica. De vez em quando eles me aparecem com cada mulher entediante, que não sabe rir nem faz questão de se enturmar e participar das conversas, sabe? Tem que ver isso aí, mulherada. Não adianta ser “das certinhas” se sua presença é tão marcante quanto incenso de baunilha que passou da validade. Ser contida nem sempre é melhor. Se insinuar não é vulgar. Enfrentar os paradigmas pra fazer o que quer é uma sensação que você aprende a apreciar conforme vai se arriscando. Pra mim, mulher em tom pastel é um pé no saco. Lugar de princesinha passiva é sozinha e suspirando no alto de uma torre solitária.

FRATURAS EXPOSTAS

Você chama, ele responde. Não, ele não apenas retribui o seu chamado, mas ele te invade. Invade sua calmaria, sua serenidade, sua paz, seus pensamentos, sua alma. Ele não apenas invade, ele permanece. Ele perturba, se instala, dilata, transborda. Monta acampamento, que nem sem terra, e recusa-se a sair. Ou é você, no seu mais profundo íntimo, no seu subconsciente, que não o deixa partir. Não solta sua mão, não lhe da às costas e ainda olha pra trás. Sempre. De rabo de olho, não importa. Seu olhar está lá, repousando sobre ele. E é dessa brecha que ele vai se aproveitar pra te penetrar. Tirar-te o fôlego, te roubar o sossego.

E aí vem junto o medo. E aí a gente puxa as rédeas e se segura como pode. Protege-se do amor, foge da paixão. O que era pra ser divertido traz outra sensação. O frio na barriga você já não sabe mais se ultrapassou a linha tênue entra a dor e o prazer. Porque uma paquera, um affair, uma transa ou qualquer outra relação inofensiva e descartável cujos movimentos são pré-fabricados é ok. Tudo o que corre dentro do esperado, não precisa de improvisos, não vai além do combinado, não te toca profundamente, é permitido. Agora quando o sentimento cresce e toma proporções incontroláveis é que a insegurança vem. É que nós temos medo do que não entendemos e do que não sabemos como lidar. É que nós temos traumas. Fraturas expostas que demoraram a sarar. Conquistamos nossa liberdade com a revolução sexual, mas ainda vivemos uma submissão emocional: desde a infância, vemos os homens sendo criados para ser independentes e nós estimuladas a depender deles, a cultivar o sonho de um dia encontrar alguém que dará significado à nossa vida. Crescemos vendo contos de fadas, novelas e filmes que nos ensinam que não é possível ser feliz sozinha. Que é preciso sempre de alguém pra abrir a porta do carro, pra trocar a lâmpada ou o pneu, abrir o vidro de azeitona, pra emprestar o casaco quando esfriar, pra te acompanhar no trajeto de casa e te buscar na escola/trabalho. Aí o tempo passa e tomamos um tombo. Na adolescência vemos na prática que não é tão simples assim achar essa tal alma abençoada para chamar de gêmea. Então, após alguns corações partidos, desabafos amorosos, tempo deglutido, ressentimento digerido e alma cicatrizada, alguma coisa aprendemos. A prática novamente nos faz enxergar que não devemos depender de ninguém, e que a felicidade está dentro de nós, não no outro. Em alguns casos a gente ultrapassa os limites da nossa independência amorosa. Chegamos até a construir uma muralha para proteger nossos sentimentos. Engessamos nossos corações para ninguém os alcançar. Não é culpa nossa, não é algo proposital. Nossa fortaleza sentimental tem razão de existir. Cansamos de abrir os portões pra quem só nos devastou. Cansamos de cupidos estúpidos ruins de mira. Já mergulhamos demasiadas vezes na angústia do vazio agudo de “perder” quem nunca nos mereceu. E reabrir-se requer um difícil aprendizado emocional. Porque ninguém quer colecionar cicatrizes. E se eu demorei tanto pra me recompor, se a minha fratura exposta demorou tanto para colar, não quero que ninguém tire meu chão e me faça desabar caso um dia mude de ideia e não resolva mais me amar. Por isso meu gesso é duro e suas paredes são grossas. E isso explica a angústia que às vezes nos toma conta quando sentimos que nossa respiração arfa mais forte por alguém. A gente se aflige porque sabe que essa é uma decisão que cabe somente a nós mesmas. Afinal, a gente pode até não escolher por quem nos apaixonamos, mas temos o exato controle sobre o que fazer com esse sentimento. Traumas todas nós temos, e eles são do tamanho das expectativas que depositamos neles. A gente é mulher, alimenta esperanças, cria fantasia, e às vezes também confundimos atitudes e nos iludimos. Mas acho que chega uma hora em que temos que criar coragem para tirar o gesso e andar por conta própria. Já engessei meu coração várias vezes, mas as cicatrizes que tenho formam quem eu sou, e é por isso que nunca vou deixar de me jogar quando meu coração mais forte pulsar. E você: vai se permitir ou resistir?

GAME OVER

Então, você quer sumir? Tudo bem. Perfeito. Mas some, tá? Sabe o que mais me encanta nas pessoas? A sinceridade em tuas promessas. Eu adoro quando as pessoas falam que vão me esquecer e realmente me esquecem. Não me procuram mais. Não me mandam
e-mail, nem cartas, nem SMS, nem mensagens telepáticas. Nem me fazem surpresas ou coisas assim. E eu espero que você assine embaixo da tua escolha. Não esteja numa sexta-feira fria, assistindo TV e me ligue com aquele papo de estou-arrependido-e-bla-bla-bla. Nem aumente o teu teor de álcool em alguma
festa com mulheres piores do que eu e resolva aparecer na minha porta gritando que me quer de volta. Seja homem, rapaz. Cumpra com a tua palavra. Vai lá.
Segue que teu caminho e me deixe aqui com teus gritos de você-é-a-pior-pessoa-do-mundo.
Eu sei me virar. Quer ver? Você não foi o primeiro e – espero que não seja o último – a bater essa porta, cara. Desculpe te dizer, mas você não é surpreendente. Nem muito menos, único. Você foi só mais um garoto com cabelo bagunçado e aspirante a poeta pelo qual me encantei. E só, entende? Você volta a dizer quer ir. Diz que se cansou da minha TPM e da minha frieza ao responder tuas declarações em redes sociais. Fala mais meia dúzia de palavrões. Grita que vai embora, mas senta no sofá ao ver minha indiferença. Vai, cara! Lá fora, há várias menininhas-perfeitinhas-com-peitinhos-durinhos-e-que-fingem-saber-gozar.
Eu aposto que se você recitar algum desses teus textos românticos, elas cairão na tua lábia – quantas você quiser. Você quer liberdade? A porta está aberta.
Na verdade, sempre esteve. Portas, janelas, telhados. Por onde quer que você prefira ir embora, vá! Então, você junta as tuas coisas que já estavam juntas. Dá umas voltas pelo quarto fingindo procurar mais alguma cueca ou chinelos ou relógios ou força de vontade para realmente ir embora. Engole qualquer
tentativa de choro, num falso gesto de ego masculino e abre a porta lentamente. Mesmo de costas, eu consigo ver teus olhos fechados e teus ouvidos bem atentos,
esperando qualquer ruído meu que soasse como um pedido para você ficar. Mas eu me calei há tempo para tuas fugas  infantis. Beijos. E não me liga.

POR QUE A GENTE BRIGA?

Quase ninguém analisa de verdade as brigas de casal. Podemos dividir as pessoas em dois grupos desse quesito: os que nunca se lembram das últimas brigas e os que sempre lembram da última briga.

Os que nunca se lembram pensam que são desprendidos, desencanados, que basta um momento de explosão e está tudo bem, bola pra frente. Grande mentira! O motivo está lá, aguardando um novo impasse para se manifestar.

Também existem os ressentidos de carteirinha que guardam cada palavra, atitude e gesto como um arsenal psicológico para jogar na cara do outro quando uma nova briga surgir.

Depois de uma briga o casal costuma querer resolver tudo rapidamente sem pensar profundamente sobre o que realmente aconteceu. Depois de um pouco de bico, cara feia e silêncio mortal eles se cutucam, fazem brincadeirinhas, mandam torpedos carinhosos e o ciclo recomeça. Tudo debaixo do tapete até que um dia chegam à triste constatação: Não dá mais. Então começa aquela autópsia do relacionamento e uma chuva de acusações. As mulheres – boas detalhistas – tem cada nota promissória emocional guardada no bolso. Conseguem elencar cada pisada na bola daquele que um dia foi o amor de sua vida. Raramente alguém chega numa resposta satisfatória. Passado um tempo (ou nem isso) já estão num novo relacionamento e os mesmos enganos se repetem sem fim. O buraco é realmente mais embaixo, e vou dizer qual é.

Nunca paramos para refletir que tipo de expectativas temos quando entramos num relacionamento amoroso. Os simplistas dirão que é amor, companheirismo, sexo e uma jornada de vida a dois. Coisa linda de ver, mas na prática somos bem mais malucos. Posso dividir as necessidades amorosas em 4 tópicos: as importantes (razoáveis), as negociáveis, as “sem noção” e as impossíveis.

As necessidades importantes são aquelas coisas significativas que sentimos que é importante: amor, parceria, lealdade e etecetera.

As necessidades negociáveis são aquelas que cumprem os nossos gostos como tipo de comida favorita, estilo musical, lugar que gosta de frequentar, se vai passear na montanha ou na praia. São aspectos que podemos barganhar no relacionamento, as pessoas mais flexíveis e maduras conseguem ceder e revezar, já as mais infantis se apegam para mostrar quem manda. Olhando de perto não são essenciais para o andamento da história toda.

– As necessidades “sem noção” são aquelas que se a pessoa pensar um pouco terá vergonha de ter desejado aquilo. “Queria que ele me entendesse sem que eu dissesse nada”. Minha querida, telepatia está fora de moda, ops, sempre esteve. Alguns ainda podem argumentar “quem ama conhece!”, outra demanda sem sentido, ninguém precisa fazer adivinhação do que se passa na cabeça do outro para amar ou apreciar. Será que a pessoa realmente quer se tornar previsível com precisão de um Sherlock Holmes? O amor não é elementar, meu caro Watson.

Imagine se esses desejos se realizassem, seria bem estranho. “Queria que sempre me desse atenção”, imagine ele olhando para sua cara 24 horas por dia. “Queria que ele sempre estivesse do meu lado”, pensa nele te seguindo inclusive no banheiro ao doce som do seu estrondo intestinal. “Que me desse carinho constantemente”, seria realmente gostoso se ele te alisasse sem parar? “Queria que nunca brigássemos”, senta você e ele num zafu e meditem pela eternidade, Dalai Lama… “Queria que ela transasse comigo de manhã, a tarde e a noite com um tesão de filme pornô”, chegaria uma hora que esconderia seu pinto para não esfolar mais.

Ou seja, para saber se a demanda é irracional é simples tente concretizar a fantasia. As necessidades impossíveis, por incrível que pareça, são as mais comuns e que sequer detectamos. Estão na base de grande parte das desarmonias, frustrações e desentendimentos de casal (e na vida). Vamos às catástrofes: “Queria que todos me amassem como eu sou”. Como definir o que você é, sendo você mutante? O que é o amor de fato? É possível que os outros amem inclusive o fato de que você age de modo egoísta e cruel nos seus piores dias? “Queria que as pessoas me entendessem”. Você conseguiria escrever um manual completo de procedimentos a seu respeito? Negativo, os outros também não. “Queria que
todos reconhecessem aquilo que faço
”. Você queria um reality show de você e com aplausos de programa de humor a cada movimento? Queria receber um Oscar, Prêmio Nobel da Paz, medalha da Cruz Vermelha por atitudes cotidianas (que ninguém testemunha)? “Queria não ser rejeitada”. Tá, nem preciso explicar esse, afinal você deve ser tão interessante que é impossível resistir ao seu sorriso. Acho que ficou claro porque muitos vivem tristes, insatisfeitos e frustrados nos seus relacionamentos e podem fazer da vida do seu parceiro um tormento. Não há bombeiro que consiga apagar os desejos desse inferno que você criou. E você, tem mais alguma sugestão de demandas impossíveis?

RECADO PRA VOCÊ MENINO!!!

Vem aqui. Vamos conversar. Calma, você não precisa dizer que odeia DRs porque isso é o que se espera dos homens com H de verdade. Homem que é homem não fica filosofando sobre e nem dando atenção às picuinhas oriunda das férteis mentes femininas – não é o que seus amigos diriam? O fato é que andam dizendo por aí que você e seus parceiros machos estão mais perdidos do que quando tentam encontrar a margarina camuflada na geladeira. Vocês vinham ali, tranquilos, peneirando a farinha enquanto a mulherada chegava com o pão quentinho. Porque antes, pra ser um homem de respeito, bastava ser o provedor do arroz com feijão de cada dia. Bastava ter uma carro decente. Bastava não chorar na frente dos brothers. Quem iria imaginar que elas, entre uma receita de pudim e uma troca de fraldas, chegariam lá. Passaram a ganhar tanto quanto vocês. Se o homem não estava disposto a cuidar dos filhos, elas se multiplicaram como mulheres maravilhas – cuidaram da casa, da cria e da empresa. Em troca, ganharam liberdade que um dia lhes foi negada. O porto seguro do macho tradicional havia desmoronado. Mas calma, isso, meus caros, não significa que elas lhes querem mal – e nem que não te querem mais, como diria Lulu Santos. Elas apenas estão em busca de outras coisas, já que já podem assinar o cheque e dirigir sozinhas. Sim, elas já podem pagar suas contas, mas não é por isso que não querem mais a presença masculina em suas vidas. Confesso, algumas se pudessem virariam lésbicas para poder lidar com seres mais semelhantes, mas como orientação sexual não se escolhe, vocês ainda são desejados. E muito. A gente conta como: Sim, elas gostam de sexo hard. Mas não daquele sexo no estilo coronelista deite-que-vou-lhe-usar. Muitas vezes elas querem mesmo que você seja dominante – mas só porque sabem que é brincadeira. No fundo no fundo estão conscientes que, se quiserem, elas ditam as regras do jogo. E somente a pegada forte não basta – elas querem o combo completo – alguém interessante na cama e fora dela. Elas adoram o corpo malhado do professor da academia mas se ele estraga tudo quando abre a boca, o tesão logo despenca mais rápido do que peito de vó sem sutiã. E elas não se conformam com a limitação masculina de se contentar somente com um peito ou uma bunda redonda. Se for só isso então, que chato. Elas ainda se derretem com flores mas se elas chegam sem cartão perdem 90% da graça. Elas sabem que se quisessem mesmo uma flor pra enfeitar a sala, poderiam ir na floricultura da esquina e comprar uma a qualquer instante. Teria o mesmo valor.Elas abominam caras mimados que foram criados pela mãe com maçã raspadinha mas seus olhos brilham diante de caras sensíveis. Porque homens sensíveis se identificam com uma parte do universo delas e, portanto, se tornam mais interessantes. De que adianta assistir Marley & Eu acompanhado se o cara do lado te pede pra passar mais um pedaço de pizza de calabresa bem na hora em que o cachorro está sendo enterrado? Elas acham bacana quando você paga a conta, mas somente quando percebem que você o fez por gentileza, e não porque quer que ela faça um deep throat mais tarde. Assim como elas gostam de retribuir e pagar a conta em outras vezes porque – afinal – ganham tanto quanto vocês. Elas já sacaram que pro sexo ser foda – literalmente – não basta que ela seja gostosa e nem que você tenha um pintão. Querem sentir prazer sim – demoram o tempo que necessitarem pra gozar e admiram os caras que esperam o que for pra observar aquela cena. Elas também gostam de retribuir – sabem que boquete deixou há tempos de ser coisa de vadia e irão fazer um dos Deuses se acharem que você merece – ah e é claro, se você também tiver depilado a mata atlântica, afinal ela não admite mais ser a única vítima da cera quente. Se foi bom, elas vão ligar no dia seguinte, não porque estão desesperadas pra arrumar um marido e ter uma penca de crianças pela casa, mas porque se utilizam muito bem do seu poder de escolha e porque já enjoaram mais do joguinho do cu doce do que de banco imobiliário. Elas tendem a se encaixar nesses itens que acabou de ler, mas não se surpreenda se encontrar representantes dessa nova geração feminina que fujam totalmente à regra – afinal, elas conquistaram o poder da liberdade e o honrarão com unhas (pintadas, somente se quiserem) e dentes. Cabe agora aos homens perceber que um bolso cheio sozinho não mais adianta de nada, e que se elas ainda pedem para eles abrirem os potes de azeitona é somente porque os acham fofos executando essa função.

RETICÊNCIAS

E se eu falar que o seu braço sobre o meu ombro naquele café faria toda a diferença? Gosto de iniciativa. Parceria. Eu abro o botão, você o zíper, eu abaixo o jeans, você…. A sua ligação no meio da tarde de quarta, sua dedicatória no livro, o chocolate junto com o CD do Daughtry, o seu sms quinta de madrugada, onde leio você elogiando nossa noite anterior e um alerta de futuros reencontros. Esses detalhes me deixam com vontade de você. Você verbaliza, pontua, exclama, apaixona, presenteia (com poesia) e embriaga da forma que gosto. Sou grata a todos os santos por isso. Pego o terço bento que minha mãe me entregou e mando ver nos agradecimentos. Eu acredito.

Naquela noite, entre nossos/seus (meus novos) amigos em comum eu te olhava com admiração enquanto você articulava sobre a trilha noturna do feriadão. Você faz isso direitinho, tem um certo ar arrogante e seguro enquanto fala, existe um certo charme enquanto passa a língua nos lábios e arruma o cabelo. Deve ser de Marte.

E quando eles voltam a conversar entre si, o meu olhar mira o seu e o seu olhar flerta com o meu. E quase podemos nos decifrar. Essa atmosfera tem gosto de mel. Cheiro de baunilha. Cor de tulipa vermelha.

E você ri enquanto imagina o que eu faria se…. Aposto 100 dinheiros que você se lembraria de todos os detalhes daquela noite da pizza, meio-eu-meio-você, quando você, na frente de todos, cochichou no meu ouvido que eu te levava pro céu quando…. Seu pé sob a mesa, procurando a minha coxa para…. Cochichamos sobre o dia do fundue, quando você sentiu ciúmes por…. E depois disse que eu era de outro planeta por…. E depois sentiu medo de…. E depois sorriu quando….

Deixo um tanto da minha coragem para enfrentarmos futuros imbróglios – sim, eles surgirão e dessa vez faremos diferente, prometemos um para o outro não fugir no primeiro tropeço e firmamos um acordo de desatar todos os nós. Deixo reservado para você uma dose de humor para quando o seu estiver escasso. Naqueles dias em que as coisas no trabalho não fluem, ou quando aquela dorzinha de cabeça resiste a qualquer café com aspirina. Não me deixe acordar, o agora é agradável e doce. Deixo as dúvidas e os medos lá atrás, em um lugar distante, onde não nos alcancem. Deixo em cima da mesa dois convites do Festival de Cinema Francês que começa esse mês na cidade. Você olha, arruma novamente o cabelo, molha os lábios com a língua e me entrega de graça o que eu mais gosto em você: seu sorriso.